Hoje convenci-me da total impossibilidade de descrever-me.
Posso rascunhar, rabiscar, rebuscar e riscar a vontade!
Afinal, sou eu falando de mim mesma!
Um edifício de vários andares,
Construído sobre uma estrutura rígida,
Como o diamante
Cada andar é construído de um vento diferente
Brisa, ventania, redemoinhos, sopro, hálito.
As janelas são multicoloridas, e todas se movem,
Mas só quando não há ninguém que as olhem
Pois na verdade são asas de borboletas disfarçadas
Claro que há um imenso jardim!
Nasceu bem no centro das torres dos edifícios de Mim
É lá que conto minhas primaveras.
Se olharmos das sacadas é possível vislumbrar todas as
Cores, formatos e movimentos.
Dependendo do andar que se olha, sente-se até os perfumes das flores, e
é possível observar as lagartas caminhando pelas folhas.
Eu acho um barato!
Ah sim! Trata-se de um grande edifício, há muitos cômodos!
Vários deles ensolarados, com grandes janelas-borboletas
Porém há outros em que o sol não alcança,
São cubículos, quase sem iluminação...
Somente o Vento as visita.
É todo um universo!
Um universo de mim mesma!
Não bastasse todos os papéis que exerço,
Ainda sou tantas assim
Tantas de Mim!
Tantas de Mim!
Alguns dias me canso de ser tantas, mas há pouco a fazer pois todas sou Eu!
Uma quer voar e dançar, enquanto outra reclama que não dormiu o suficiente...
Há a que sempre lembra o quanto tem que trabalhar, e a que nunca se cansa de brincar.
Uma sente o coração doer e quer passar todo o seu tempo com seus amigos.
A que adora cozinhar é muito divertida, tanto quanto a que ama cantar, a que vive se cobrando para malhar deve ser a mesma que gosta de comprar, estou curtindo a que se permite irar, ela passou muitos anos escondida, e tantas outras...
Todas sofrem e sentem o coração sangrar com as injustiças e atrocidades deste mundo.
Pois todas sendo Eu:
Nasceram para amar.
By Andreia Bossoes
